A recente declaração do professor Steven Levitsky, da Universidade de Harvard, causou alvoroço ao afirmar que o Brasil é mais democrático do que os EUA. O acadêmico, conhecido por suas análises sobre o declínio das democracias contemporâneas, apontou que as instituições brasileiras reagiram com mais firmeza às tentativas de golpe do que as americanas. Para ele, a resposta institucional brasileira à crise eleitoral recente demonstrou mais maturidade democrática do que a resposta dada nos Estados Unidos após a invasão ao Capitólio.
Segundo Levitsky, o Brasil é mais democrático do que os EUA porque soube se proteger de maneira mais efetiva contra ameaças internas ao regime democrático. O Supremo Tribunal Federal, o Tribunal Superior Eleitoral e outras instituições agiram com autonomia e rapidez, evitando maiores rupturas. O professor destaca que a união entre os poderes foi essencial para manter a estabilidade do sistema, enquanto nos Estados Unidos houve hesitação e fragmentação das autoridades diante da insurreição de 6 de janeiro de 2021.
Ao reforçar que o Brasil é mais democrático do que os EUA, o professor aponta que o momento atual é uma fotografia da realidade política de ambos os países. Ele não afirma que essa vantagem seja permanente, mas reconhece que a estrutura brasileira tem dado demonstrações concretas de resiliência democrática. A presença de um sistema eleitoral digital confiável, a atuação firme do Judiciário e a ausência de interferência militar são aspectos que reforçam a afirmação.
Levitsky avalia que o Brasil é mais democrático do que os EUA também pelo comportamento das forças políticas. Enquanto nos Estados Unidos parte significativa do Partido Republicano ainda relativiza os ataques à democracia, no Brasil houve rejeição majoritária à tentativa de golpe por parte de setores relevantes da política, da imprensa e da sociedade civil. Esse consenso em torno da defesa da ordem democrática é, para ele, um diferencial notável no cenário internacional.
Para além da comparação, o professor critica diretamente o ex-presidente Donald Trump, apontando que o mesmo serviu de exemplo negativo para outros líderes autoritários no mundo. Em sua leitura, o Brasil é mais democrático do que os EUA justamente porque soube conter e isolar politicamente sua liderança radical, ao contrário do que se vê nos Estados Unidos, onde Trump continua influente e com chances reais de retorno ao poder.
Outro ponto levantado por Levitsky é o papel das cortes superiores. O professor admite que o protagonismo do STF no Brasil precisa, com o tempo, ser revisto para evitar excessos. No entanto, ele insiste que, no contexto atual, esse protagonismo tem sido um dos pilares para que o Brasil seja mais democrático do que os EUA. A atuação jurídica, nesse caso, funcionou como freio diante de ameaças concretas à ordem institucional.
Mesmo reconhecendo os avanços brasileiros, Levitsky adverte que o país ainda carrega vulnerabilidades. A desigualdade social, a violência policial e a desinformação continuam sendo entraves para a consolidação plena da democracia. Ainda assim, ele insiste que o Brasil é mais democrático do que os EUA quando se trata da reação a crises de governabilidade e tentativas de ruptura por dentro do sistema político.
A análise do professor de Harvard, ao afirmar que o Brasil é mais democrático do que os EUA, gera debates intensos no meio acadêmico e político. Suas palavras soam como alerta para os norte-americanos, mas também como reconhecimento à democracia brasileira, que, mesmo com suas imperfeições, mostrou força e coesão em momentos decisivos. O Brasil, segundo ele, oferece hoje uma lição sobre como resistir à erosão democrática num tempo de incertezas globais.
Autor: Edgar Romanov