O Brasil está aproveitando uma janela de oportunidade para expandir suas exportações para a China, especialmente durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim. Em meio à crescente guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, o Brasil busca se beneficiar de um cenário onde os produtos brasileiros, como carnes de frango e porco, sorgo e frutas, podem conquistar uma maior fatia do mercado chinês. Com um ambiente político e comercial cada vez mais favorável, o governo brasileiro tem se mostrado otimista com os acordos que podem ser firmados durante essa missão, composta por mais de 200 empresários, dos quais a maioria está diretamente envolvida com o agronegócio.
Uma das grandes apostas da missão é o aumento nas exportações de carne de frango para a China. O Brasil já domina cerca de 45% a 50% desse mercado, enquanto os Estados Unidos ocupam aproximadamente 30%. No entanto, com a imposição de tarifas altas pelos EUA, o Brasil tem uma vantagem significativa, já que a competitividade dos norte-americanos foi reduzida, o que pode favorecer o aumento das exportações brasileiras para o país asiático. Segundo Luís Rua, secretário de Comércio e Relações Exteriores do Ministério da Agricultura, o Brasil está pronto para atender às demandas da China, se necessário, e há uma série de novos estabelecimentos no Brasil buscando acesso ao mercado chinês.
Além das carnes, o Brasil também tem grandes expectativas em relação ao sorgo, um grão cujas exportações para a China podem crescer de forma substancial, especialmente devido ao afastamento dos Estados Unidos desse mercado. A China é responsável por 83% das compras de sorgo no mundo, e o Brasil está se preparando para ampliar sua produção desse grão. Em 2024, o Brasil produziu 4,42 toneladas de sorgo, e embora o volume ainda não seja suficiente para abastecer o mercado chinês por completo, as perspectivas são positivas. De acordo com Rua, é possível alcançar níveis significativos de exportação, mesmo começando com volumes menores.
A visita do presidente Lula à China tem como objetivo formalizar e intensificar esses laços comerciais. A expectativa é que o Brasil retorne da missão com acordos comerciais já assinados, especialmente em áreas como grãos secos de destilaria (DDG) e etanol, produtos em que o Brasil busca expandir sua presença no mercado chinês. Esses acordos, segundo o ministro Carlos Fávaro, que acompanha a missão, são fundamentais para fortalecer a posição do Brasil como fornecedor estratégico de produtos agropecuários para a China. Fávaro destaca a importância de também alinhar as regulamentações sobre biotecnologia, uma demanda crucial para o avanço das exportações do setor agrícola.
O Brasil não está apenas interessado em expandir suas exportações para a China, mas também em diversificar sua presença comercial. Em Xangai, Hangzhou e Kunshan, o governo brasileiro estará promovendo eventos focados em setores como café, frutas e proteínas. Isso não apenas abrirá novas oportunidades para os produtos brasileiros, mas também fortalecerá as parcerias estratégicas entre os dois países. O agronegócio brasileiro tem mostrado interesse em estreitar os laços com empresas chinesas, seja por meio de acordos de cooperação, parcerias ou investimentos diretos.
A China, com seu mercado em expansão, representa uma grande oportunidade para o Brasil, especialmente após a intensificação da guerra comercial com os Estados Unidos. O país asiático tem se mostrado cada vez mais aberto a diversificar seus fornecedores, e o Brasil está pronto para preencher essa lacuna, especialmente nos setores de alimentos e bioenergia. As negociações em andamento sobre o DDG e o etanol, que estão na fase final, podem consolidar a posição do Brasil como um fornecedor de confiança para a China, oferecendo produtos de alta qualidade e competitividade no mercado global.
Em termos de resultados concretos, o governo brasileiro acredita que a visita do presidente Lula pode abrir portas para novos mercados e fortalecer a posição do Brasil no comércio global. Além das carnes, que já são tradicionais no comércio bilateral, o foco em produtos como etanol, sorgo e biotecnologia pode representar um passo importante para o Brasil se tornar ainda mais relevante nas exportações para a China. A missão também busca aumentar o fluxo de investimentos no Brasil, com empresários buscando novas oportunidades de negócios e parcerias comerciais com empresas chinesas.
Com o apoio de uma missão empresarial composta por mais de 150 representantes do setor agropecuário, o Brasil pretende expandir suas exportações para a China e, ao mesmo tempo, consolidar a imagem do país como um parceiro confiável e estratégico. A guerra comercial entre China e Estados Unidos pode ser vista como uma oportunidade para o Brasil se destacar, aproveitando a redução da competitividade dos EUA em alguns mercados-chave. No entanto, a missão brasileira ainda precisa resolver questões técnicas e comerciais para que os acordos possam ser formalizados e as exportações brasileiras para a China sejam ampliadas de forma substancial nos próximos anos.
Autor: Edgar Romanov